A gestão dos escritórios de advocacia pautou uma grade especial de palestras no 8º Congresso Brasileiro de Sociedades de Advogados, realizado nos últimos dias 08, 09 e 10 de agosto, na capital paulista. O evento contou com painéis exclusivos da Academia Sinsa – braço educacional do Sindicato destinado à promoção de assuntos estratégicos para o dia a dia das bancas.
Um dos conceitos mais abordados pelos profissionais convidados para debater questões da administração em escritórios foi propósito. "É o motivo pelo qual existimos. Uma empresa precisa ter seu propósito claramente definido para conseguir operar no máximo de sua capacidade, ainda mais no contexto contemporâneo, em que as relações humanas – pessoais e profissionais – são cada vez mais efêmeras”, destacou Antonio Carlos Aguiar, sócio do Peixoto & Cury Advogados e suplente do Conselho do Sinsa.
Para ele, é essencial que os escritórios de advocacia façam um exercício de autocrítica com o objetivo de identificar seus propósitos e valores. "É preciso pensar sobre o que estamos passando de exemplo tanto para dentro – para nossos advogados, principalmente os mais jovens – quanto para fora do escritório, para nossos clientes, concorrentes, fornecedores, etc.”.
Andreia Gomes, consultora em Marketing e Comunicação no mercado jurídico, concorda ao apontar que o propósito é fundamental também para a comunicação das sociedades.
"Criar a ‘imagem institucional’ de uma empresa só é possível se o marketing e o planejamento estratégico estiverem ligados ao propósito. Por mais que dados, indicadores e inovações sejam, cada vez mais, importantes para as companhias, esse processo está ligado às pessoas e seus comportamentos. A soma das forças forma um time. E é esse time que gera a percepção da marca”, explicou.
Para traçar estratégias, é necessário definir expectativas reais
No contexto do planejamento estratégico, é a definição de expectativas reais, que compreendam a realidade do mercado, o ponto essencial para que uma sociedade consiga cumpri-lo, destacou Marcelo Binder, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e diretor do Instituto Pipeline de Liderança, durante sua palestra em painel da Academia Sinsa.
"Ouvimos muito falar de planejamento estratégico, que realmente é fundamental para o crescimento de um negócio. No entanto, muitas vezes, nos esquecemos que uma estratégia só é bem traçada se levar em conta as expectativas reais e realmente executáveis da organização”, enfatizou.
De acordo com Binder, para isso, é importante que a empresa entenda a dinâmica de mercado, avaliando concorrência e cenário econômico, mas também, e acima de tudo, suas próprias competências, habilidades e recursos disponíveis. "É preciso sair do ‘o que quero fazer’ para ‘o que consigo e devo fazer’”, pontuou.
Daí é que entram as tecnologias disponíveis e que podem fazer a diferença para os negócios da área jurídica. E Enio Garbin, líder de Soluções de Indústria da IBM Brasil, afirma que o setor já está sendo extremamente impactado. "As coisas mudam desde sempre, mas a questão é a velocidade com que mudam agora”, explicou.
"O trabalho de pesquisa de jurisprudência, por exemplo, já pode ser conduzido por sistemas de inteligência artificial. São programas que têm a capacidade de aprender e podem ajudar a desenhar uma nova arquitetura de gestão jurídica, aumentando a eficiência e assertividade dos advogados”, define.
Já Mario Ezequiel, sócio fundador da Bórea, especialista em gestão de escritórios, ressaltou os sistemas de TI que trazem contribuições às contratações, trazendo agilidade para o processo. "Apesar disso, todos os esforços para a definição de políticas de remuneração, avaliação de suas modalidades e seus riscos, bem como métricas para medir desempenho cabem aos gestores”, pontuou, destacando o papel das pessoas na administração dos escritórios.
Gestão de pessoas, aliás, foi tema da apresentação de Elaine Saad, presidente da ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos). Ao conduzir palestra sobre liderança, ela ressaltou que compreender o ser humano está entre as competências essenciais para gestores.
"Atualmente, os líderes têm de estar atentos a compartilhar seus conhecimentos. Essa é uma demanda da sociedade que afeta também as relações nas organizações. Outro fator é a sua atenção para valorizar a autoestima dos profissionais, respeitando-os como são. Finalmente, devem investir em aprender a se comunicarem porque é esse é o meio pelo qual vão sensibilizar as pessoas para o propósito do escritório”, concluiu.
Produção e edição: Moraes Mahlmeister Comunicação